sábado, 18 de março de 2017

Quilómetros…Terra…Ar…Tempo
Não importa.
Tenho a tua mão na minha mão,
O teu coração
Para sempre batendo no meu peito.

quarta-feira, 15 de março de 2017

NUNCA

Nunca saberás o que calei
Dias a fio,
O que me foi roubado
Manchando os primeiros anos
Que outros viveram em pleno,
Como se deve viver a adolescência.

Nunca saberás que te poupei
A dor e vergonha.
Nunca saberás o que é
Colocar o pé num sapato meu
E percorrer uma estrada
Que não pude escolher
E que percorri silenciosamente
Para que o sorriso
Pudesse permanecer nos teus lábios.

Nunca saberás
O que é receber as tua machadadas nas costas
Quando de peito aberto
Eu outrora deixei a alma fugir
E a memória perder
Para não te magoar a ti.

Nunca saberás que me refiro a ti,
Nunca saberás de que falo.
Mas continuarás a sorrir
Pensando que tudo sabes
Em relação a mim.

Mas sabes uma coisa?
Não sabes rigorosamente NADA..nunca

terça-feira, 7 de março de 2017

O MEUTESTAMENTO



Deixo para ti os meus sapatos
para que possas andar, tropeçar e sentir o que já senti.

Deixo para ti todos os sonhos
que fui privada de sonhar

Deixo para ti
Toda a vida que que não posso viver

Deixo para ti
Todas as más memórias
Que não me largaram nunca.

Fica para mim
o Presente com que o Presente
me quer agora presentear

Divido por ti e pelo Mundo
Toda a capacidade de ainda me deslumbrar
Com pequenos nadas...


terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Há dias em que não me importa o quê, o porquê, o como, o quando, o que se passou, o que está mal, o que foi...Só quero não sentir. E ser una. E estar completa. E não ter fragmentos em vez de coração, bocados da minha vida ali e acolá.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Carta à minha Mãe

Olá, mummy... Esta é uma carta que sei que não vais ler nunca. Uma pequena carta. Quis escrever porque hoje estou tão triste, Mãe...Sinto-me rasgada em 1000 pedacinhos, sem muita vontade de olhar para o sol, preocupada até ao âmago pois sou mãe também. Os meus 1000 pedacinhos são os filhos meus, que me deixam sempre incompleta, sempre inconformada, sempre um ser dividido. Há uns tempos atrás, sabia que correria em direcção a ti, que molharia o teu ombro com as minhas lágrimas, que me entenderias e que me dirias que ser Mãe é mesmo isso, é nunca ser una e completa, faltando eternamente um bocado. Estou tão triste, Mãe...Sei que chorarias comigo e me pedirias para ter calma, e esperança...Mas hoje só te escrevo uma pequena carta, um bilhete, pois não te posso preocupar e colocar-te ao corrente da minha vida e do que se está a passar. Estou tão triste, Mãe, porque não posso valer a quem amo e tanto quero. Aos meus bocados. A minha alma está esfarrapada, e tu estás cansada pelos muitos anos de Vida e por tanto teres sido Mãe. Mas estou tão triste, Mãe...tão triste...Que raio é que vou fazer de tanta mágoa, Mãe?


domingo, 29 de julho de 2012



(DES)PEDINDO


Que o amanhã exista.
E que os meus também,
Aqueles que não me abandonam
E me amam como sou.
Que o sol seja uma bola vermelha no entardecer
Prometendo um Verão de alma quente.
Que morram
Aqueles que não merecem viver
E que enchem o ar de morte
E de podridão de hipocrisia,
Roubando a esperança de quem precisa.
Quando respiram
Sofregamente respiram a vida
De quem precisa e merece apenas ser.
Que lentamente, muito lentamente,
Eu me lembre de viver e respirar
Enterrando devagar o que me tem tirado a vida
E quase me deixava esqueleto
E acéfala.

Laura Sarmento
(28 de Julho 2012)

domingo, 11 de março de 2012

O meu Credo

Creio que já estou a mais de meio caminho
Da minha vida.
Creio no Amor, em ser amada e em parir
Filhos do Amor e por Amor.
Creio que por eles vivo mais um dia atrás de outro
Quando não quero viver.
Creio que quase Nada ainda fiz
Do Muito que me estava designado.
Creio que o Medo do futuro
É o meu maior travão para a Paz
Que anseio sentir em pleno.
Creio que me detestam sem o saberem
Sem que isso me torne o alvo a abater
Porque simplesmente creio que sou mais
Do que aquilo que querem crer que sou.
Creio no homem que amo.
Creio que ele me ama e que me segura a mão.
Creio no sangue do meu sangue que me saiu do ventre.
Creio que morreria por eles.
Creio na Força à qual não chamo Deus
E à qual não sou submissa,
Sem no entanto a renegar quando quero em algo crer.
Creio mais no pensamento que na oração proferida.
Creio na beleza da orquídea e do jasmim,
e na Vida.
Creio no Mar e na Energia.
Por vezes, creio em mim e creio que estou certa.
Mas também creio na diferença e no outro.
Creio na Felicidade ainda que sentida por breves segundos.
Creio que sou Alguém.
Creio que ainda vou sendo crédula
E acreditando teimosamente na Humanidade.

Laura Sarmento - Março, 2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

AO MEU FUTURO NETO

por Laura Sarmento a Domingo, 19 de Dezembro de 2010 às 22:54
Sabem?
Sabem aqueles corais rosáceos e luminosos
Que flutuam docemente em águas transparentes e quentes
Num qualquer mar tropical?
Ouvem?
Aquele tiquetaque de coração,
Um bonequinho de olhos fechados´
E dedo na boca,
Qual imagem de livro de mamã
Que imagina o filho no seu ventre líquido,
Desfolhando ela as páginas num deleite só seu
E  que os demais só conseguem vislumbrar sem sentir?
Imaginam?
Um baile de algas transparentes e  entrelaçadas que dançam
Ao som de uma melodia ritmada de um oceano
Calmo e silencioso?
É ele...
Sangue do meu sangue
Que sem nascer já é,
Que sem o ver já o conheço,
Que sem estar já permanece.
E só a ele devo as minhas lágrimas e o meu riso
Que os outros
Num livro de capa dura e folhas brancas
Só conseguem vislumbrar sem sentir.

FINALMENTE


por Laura Sarmento a Terça-feira, 6 de Dezembro de 2011 às 0:03
Foram breves segundos...
Um pequeno barulho metálico, cá dentro.
Eu ouvi e senti.
As grilhetas libertaram-me finalmente a alma.

Olhei-me no espelho interior
E vi um reflexo diferente.
Estou de novo em liberdade,
Passo por cada dia devagar, saboreando.
Ganhei o direito de tornar a gritar
E a fazer desse grito
A bandeira desfraldada nas mãos cansadas
De quem já desistiu.

Eu ainda não desisti.

Acabou o meu exílio forçado e silencioso
No castelo de Ninguém,
Na Terra do Fracasso.

QUE É FEITO DE MIM?


por Laura Sarmento a Quinta-feira, 13 de Outubro de 2011 às 23:49
Saturada, eu já acordo,
Olhando um horizonte de linha indefinida.
Canso-me de mim mesma e de me ver cansada,
E achava melhor nem ver horizonte algum.
Que é feito da garra e do grito,
Do peito feito para a luta,
Sorrindo desdenhosa para as algemas de pensamento
Que nunca me conseguiram prender?
Que é feito das palavras contrárias ao sistema
Que sulcavam o meu caminho,
Me iluminavam a estrada até chegar a melhor
E gritavam por quem não pode?
Que é feito de mim?

Gaveta fechada


por Laura Sarmento a Domingo, 3 de Abril de 2011 às 23:38
A gaveta está fechada.
Olho para ela como se fosse transparente
Esperando ver movimento no que lá sei que guardo.
Mas nada mexe, nada se agita.
Falta de ar e luz mataram a vida
Lá dentro.
Está fechada, eternamente não sei.
Guardei a chave e esqueci de lembrar onde a escondo.
Quero teimosamente a gaveta fechada
Num acto de vingança rebelde contra desconhecidos.
Lá dentro,
Sem ar e sem luz,
Pereceram sonhos, planos
E um futuro que desisti de desenhar
Com as cores de quem acredita.

O dia em que o Mundo enlouquec


por Laura Sarmento a Quinta-feira, 17 de Março de 2011 às 20:43
De manhã, bem tarde
Entreabre as janelas e respira,
Deleitando-se com o cheiro a queimado e ar rarefeito.
Olha o céu cor de chumbo e congratula-se,
Um esgar de sorriso desenhando-lhe os lábios:
Finalmente!
Aquela bola irritante amarela e quente
Mal se divisa entre o nevoeiro que paira
Na imensa cidade de betão.

Baixa o olhar e descansa a vista
Nos semblantes enigmáticos dos transeuntes,
Naquele corre corre ao som do tiquetaque
De relógios pendurados ou de pulso
Atravessam a rua ao mesmo tempo que carros,
Sem leis, sem direcções obrigatórias, sem rumo.
Caminham porque é dia.
No escuro, deitam-se de olhos abertos num sono que não vem.
Maravilha.
Finalmente, já não há que ter medo de ultrapassar o limite,
Num mundo sem limite,
Onde tudo foi ilimitadamente autorizado
Durante tempos que consideraram sem limite.

Fecha a janela sem vidros,
Fica sozinho a um canto de um lar sem paredes,
E devora-se a si mesmo avidamente
Numa fome de alma e de existir.

Vazio Preenchido

Vazio Preenchido

por Laura Sarmento a Sábado, 5 de Março de 2011 às 18:12
Eu consigo moldar o vazio.
É fácil..
Pego nele como quem pega num recém nascido,
Embalo-o devagarinho
Ao som de uma melodia qualquer.
E se nesse vazio eu vislumbrar
Um pequeno nada de ti,
Aperto-o ainda mais contra mim,
Sorrio-lhe e falo com ele.
Rego-o de lágrimas até nascer uma flor
E já não estou sozinha.
Nunca estarei sozinha se na escuridão do meu vazio
Eu encontrar pequenos pedaços de ti
Que se me entrelaçam na alma
Fundindo-se em mim
E tecendo uma rede
Que não me deixará jamais cair.

O MEU DESERTO


por Laura Sarmento a Domingo, 20 de Fevereiro de 2011 às 15:35
Aparentemente estéril,
Silencioso e dolorosamente perturbador.
Deserto aprendi a ser
Para esconder mágoas que quero enterrar,
Memórias que já não o podem ser,
Sentires que o vento em tempestade espalhou
Pela areia escaldante.

Esperando a hora do escorpião
Num círculo de fogo
Assim determinadas palavras e pessoas
Por mim são agora acolhidas
Neste meu deserto cansado de falsos oásis...
Vejo o círculo fechar-se sobre eles
Até ao golpe mortal.
E não tenho pena.

Lá longe, o horizonte do deserto,
Do meu deserto sem fim.

Tu sabes (a propósito de uma foto)

por Laura Sarmento a Domingo, 24 de Outubro de 2010 às 22:47
Tu sabes
Tudo aquilo que a minha boca cala,
E os meus olhos não omitem.
Apanhas a minha tristeza nas tuas mãos,
Fechas essas mãos em concha
E embalas a minha mágoa como a um passarinho ferido
Que tratas e depois libertas,
Ansiando que ele torne a voar.

E eu adoro a concha das tuas mãos
Onde a minha dor apazigua
E por onde deixas passar résteas de luz,
Pulsar de energia,
Para curar a minha ferida.

Tu sabes
O que a minha boca cala
E os meus olhos falam,
Pois conheces o meu silêncio
Como as palavras que não te digo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

SEM TÍTULO (1981)


Potro branco, selvagem, suado,
Galopando ao sabor do vento da minha dor,
Pousando seus cascos de chumbo leve
No meu existir.
Potro tão branco, tão pálido de fadiga,
Potro tão suado, tão exausto da Saudade,
Que é o seu nome.
Potro tão selvagem, tão livre,
E tão esporeado pelo Amor

SEM TÍTULO (1981)


Tenho nos meus olhos
Um saibro molhado pela chuva.
Nas minhas mãos,
Um vazio que prencho.
Nos meus lábios
O sabor d eoutro sabor
Que não esqueço.
No meu corpo
A seiva do amor.
Na minha alma,
Um campo desnudado
Pela beleza do Outono
Que tornará a vir.
Na minha vida, tenho o teu mundo.
Pois
Tenho nos meus olhos
As lágrimas que não choro.
Nas minhas mãos
As tuas mãos que sinto e não vejo.
Nos meus lábios,
Um beijo teu que não esqueço.
No meu corpo.
O contacto do teu corpo.
Na minha alma,
A liberdade de ser tua.
Em mim, tenho-te a ti.

"Tenho que sorrir " natal de 1980


Uma solidão
Nunca antes sentida
Como o é agora
Passeia pelo meu ínimo.
Mas...tenho que sorrir
Mesmo assim.
E há a saudade ainda,
Impassível perante mim
Como um espelho
Onde revejo rostos amigos que beijo.
Onde me olho também, sabendo que choro,
Mas...tenho que sorrir.
Mesmo assim
Tenho que sorrir,
Para que outros sintam menos
O peso da solidão e da saudade,
Para que outros possam rir
Num gesto belo
Para o qual não tenho vontade.

SEM TÍTULO (1980)


Como água
Penetrando em socalcos de montanha,
Assim até mim
As tuas palavras chegam.
Como luz viva
De um inferno que amo,
Feito de chama
Latejando a par de ardor intenso
Assim até mim
Teu olhar vem,
Se acende e se extingue sem morrer.
Como espada de fogo e ternura
Embainhada num mesmo amor,
Assim meus lábios queimas,
Assim os atrais sem os traír.
Como teias de carícias
Aprisionando a mulher que queres
Assim teus braços me envolvem,
Libertando-me.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

SEM TÍTULO (1980)


Ah, mas o tempo teima em não passar!
Alonga-se como estrada sem fim
Quando quero ver-te chegar.
Congratula-se cruelmente
Com o meu desespero em te esperar,
Marca-me os segundos
Nestas minhas mãos
Que as tuas vão encontrar.
Só que o tempo não sabe...
Não sabe a alegria que há
Em te amar.