quarta-feira, 1 de julho de 2009

SEM TÍTULO (1979)


Quase suplico
Que não seja um sonho,
Mais uma fantasia das minhas
Que tantas vezes tomam corpo em mim
Vivendo como realidades.
E a minha súlplica,
Este apelo rouco,
Vem do medo das sombras,
Das quimeras frustradas,
Do voo planado e lento
Que tu concretizas sobre o meu oceano
Até conseguires nas ondas poisar.

Quase suplico
Que não existas,
Que não tenhas rosto,
Nem olhos, nem mãos,
Que não sejas homem,
Que eu não exista também.
Que nada, nada exista
Para não podermos viver.
E a minha súplica,
Este pedido abafado,
Vem da amargura,
Da amargura
Que não me conheces.

E no entanto, amor,
É uma súplica
Destituída de calor,
Do ardor da oração.
È uma súplica suave,
Murmurada em tom baixo
Temendo ser ouvida.

Uma súplica de amor
Para amor te pedir.
Uma súplica de feita de amor,
De amor nascente, límpido,
Que brota como água de uma rocha,
Imóvel, numa montanha escarpada.

Mas fortemente suplico
Em voz bem alta e ardente
Que juntos fiquemos.
Existentes ou não,
Fantasia ou não.

Dá-me a tua mão.
Supliquemos os dois
Que nada seja sonho,
Que a própria súplica
Não tenha razão de existir.
Dá-me a tua mão
E sintamos amor.

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