domingo, 10 de maio de 2009

SEM TÍTULO (1979)


Quis crer
Que de ti longe estava,
Que a noite era doirada,
O luar de fogo...
Quis crer
Que a dor era mel,
E a alegria o fel..
Que mais quis crer?
Quis crer
Na dúvida que em mim
Como certeza brotava.
Quis crer
Que tu me ouvias
Surdo no teu enlevo,
Quis crer em tanta coisa,
Tanta palavra, tanta promessa.
Tanta vida que em mim palpitava!
Ah! Quis crer que vivia...
Livre, sobrevoando o Paraíso...
Mas não...
Não há noite doirada,
Nem luar de fogo,
Não há dor de mel,
Não há certeza sem dúvida,
Não há surdo que ouça,
Não há promessa que sobreviva,
Não existo eu se tu não existires...
Assim, perto de mim...

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