quarta-feira, 1 de julho de 2009

PALAVRAS?NÃO. (1980)


Pesa-me a nostalgia
Ou o não poder esquecer
Dos sonhos que não sonhei.

Se é que não sonhei...

Pesa-me a melancolia
De ter dado o que dei
A quem nada merecia.

Se é que dei...

Mas agora sei que
Tempos belos são estes.
Estes que vivo.
Erguidos sobre alicerces de luz
Espreitando por entre nuvens
Tão transparentes como vidro.

Vida é isto.
Vida é o que sinto.
Sinto prata e ouro
E sou cofre de madeira tosca.
Mas não importa.
Só fogo me poderá destruír,
Reduzir-me a achas ardentes.
Mas a cinza ficará,
A prata e o ouro ficarão.
Eu não interesso
Porque vida é isto.
Vida é o amor que te tenho,
Que já não nego.

Alivia-me a nostalgia
Dos sonhos que te confiei
E que sonhei.
Alivia-me a alegria
De te ter dado
Aquilo que dar-te tentei,
De ter dado a quem merecia.
Agora sei.

Palavras apenas?
Não.

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