quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

COBARDE? (1978)

O soldado atirou,
A bala impiedosa partiu
Com destino marcado
E em alguém acertou.
Em quem?
Noutro soldado
Que quis desertar
Para não mais matar
Quem não via no outro lado.

A guerra...
Grande fera...
Obriga a inimigos serem
Aqueles que nem se odeiam.

A luta cessa então um pouco
Pois o sol desapareceu,
E há quem reze
Para não dar em louco...
Outro soldado pergunta
Qual a razão pela qual mata
Quem não conhece,
Quem nem sequer lhe fez mal...
Sim, de que vale?
Do alto, alguém responde:
"É teu dever
Tua Pátria defender!"
Mas o soldado não quer,
Tem um filho e mulher,
E a eles que amar.
Não quer matar
Uma simples sombra no luar...
Quer largar a arma,
A Morte que traz na mão,
O triste dever que manda no seu coração.

E deserta por fim.
O soldado foge à guerra.
É então
que cobarde lhe chamam.
Cobarde
Por não odiar,
Por não disparar,
Por não matar,
Da Morte fugir
E tornar a sorrir.

Sem comentários: